Um espaço aberto para o leitor

sábado, 4 de julho de 2015

O QUE ESPERAMOS DA PÁTRIA EDUCADORA?

Por Jônatas Marques Caratti*

Os slogans na política são um fenômeno antigo. Getúlio Vargas iniciava seus discursos anunciando: Trabalhadores do Brasil! Na época da ditadura, Médici optou pelo “ame-o ou deixe-o”, demonstrando o autoritarismo de seu governo. Mais recentemente, Fernando Henrique Cardoso escolheu a frase “Trabalhando por todo o Brasil”. Lula usou “Brasil, um país de todos” e Dilma caracterizou seu primeiro mandato com “País rico é um país sem pobreza”. A nova logomarca do governo é “Brasil, pátria educadora”.

Se preocupar com a educação não é algo novo em nosso país. Enquanto apenas alguns tinham acesso aos estudos na jovem República, operários e a comunidade negra lutavam pelo acesso à educação. E isso foi lá no início do século XX, quando nem ministério havia. Somente em 1930 o Ministério da Educação foi criado e em 1934 Vargas solicitou as Leis de Diretrizes e Bases da Educação (LDB). Apenas em 1961, com João Goulart, a primeira LDB foi estruturada. E de lá para cá mais duas já vieram (a de 1971 e a atual, 1996). Já teve primário, ginásio, científico, clássico; também primeiro, segundo e terceiro grau. E agora estamos em ensino fundamental, médio e superior. O que se percebe é que tudo que se refere à educação parece demorado e tardio. E quando muda, parece que não de forma substancial.

Neste contexto, o governo apresenta (de forma preliminar) o documento “Pátria educadora”. E o que este documento mostra não é segredo pra ninguém: há falta de motivação entre os alunos para aprender, há evasão escolar, há repetência. A educação oferecida é atrasada e não foi reapropriada para nossa realidade. O “enciclopedismo” reina no Brasil desde Cabral. O que esperamos da Pátria Educadora? Que haja uma ampla e apropriada reflexão sobre o tipo de ensino que queremos (não somente preocupado com o mercado de trabalho, mas também com a cidadania). Assim, talvez não haja necessidade que os pais recorram para o homeschooling. É claro, se o Estado se posicionar e lutar por educação pública de qualidade.

* Professor universitário e historiador

Edição de 02/07/2015 Ano VI nº 219








Nenhum comentário:

Postar um comentário